"Não me percebo como uma pessoa ingênua nem tampouco alguém com prevenções imediatas. Procuro me ater a fatos e ações que me permitam estabelecer conexões.
Do ponto de vista filosófico e existencial, sou adepta da dúvida metódica de Descartes. Ou seja, na análise intelectiva das coisas sempre questiono muito antes de concluir. Busco ser lógica.
Faço isso até por vício de profissão. Mas tento ouvir também, e muito, minha intuição, escuto o que diz meu feeling, meu coração, para resumir.
Penso que a junção desses dois elementos podem nos levar a bom termo embora nunca com resultado infalível, por óbvio!
E é por isso que acredito nas palavras de Temer quando declara repetidamente que não será candidato. Não que não tenha direito. Mas não usará desta prerrogativa.
Alguns já afirmam que ele será sim candidato para escapar do foro privilegiado. Ora, isso não faz sentido porque as denúncias feitas contra ele até agora são na base da dedução. Até mesmo na delação do Joesley se inferiu que ele tenha tido a intenção de intervir na Justiça. No caso de ter cometido outros delitos ídem. No caso da mala de dinheiro a Rocha Loures, concluiu-se que o dinheiro era para ele. Mais uma vez há uma inferência.
Não que eu ache que Temer seja santo, mas não o vejo como um corrupto no estilo que lhe querem imputar.
Assim, qualquer denúncia terá de ser exaustivamente investigada, provada , julgada e se comprovada, então será sentenciado. Tudo isso é um processo jurídico longo, levará anos para tramitar.
Além disso, durante este seu mandato de dois anos nunca se ouviu falar de qualquer ato ilícito cometido por Temer.
Assim, nao creio que Temer, sendo um grande advogado constitucionalista, tenha medo da falta do foro privilegiado. Saberá se defender de quaisquer acusações.
O motivo maior, creio, é sua idade avançada e seu estado de saúde, que não andou muito bem.
Havia gente também que dizia que na reforma trabalhista iria dar um jeito de manter o imposto sindical para agradar aos trabalhadores. Como podem ver, isso nao se consumou. Aí está a reforma feita e nunca mais fomos incomodados com o imposto sindical obrigatório.
Enfim, creio que Temer não será mesmo candidato e que faz o que tem de fazer por questão de circunstâncias e necessidade, como foi o caso da intervenção na Segurança do Rio e fará também em outros estados se necessário for.
E se sua popularidade aumentar, sairá do governo gratificado como o presidente que mais reformas fez e em pouquíssimo tempo. Encerro com um trecho do Editorial do Estadão de hoje, domingo.
Beijos a todos de Joanesburgo!
"É evidente que, em política, promessas e garantias não valem grande coisa, mas, ao dizer, de saída, logo ao assumir a Presidência, que não era candidato a nada em 2018, Temer construiu as condições que lhe permitiram se dedicar a uma agenda crucial de reconstrução do Brasil, depois da tragédia lulopetista. Ciente de que sua enorme impopularidade dificilmente seria revertida a tempo de viabilizar uma candidatura à reeleição, Temer pôde se dedicar sem embaraços à dura tarefa de aprovar as reformas que estancaram a violenta crise econômica e administrativa legada por Dilma Rousseff"
Texto de Eliana França/Facebook 26/03/18



